Retomadas: Cinturão Verde Guarani e Povos da Floresta

01/05/2024

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A partir deste mês, o Sesc Pompeia amplia o seu contato com o território indígena em São Paulo, propondo, em parceria com lideranças indígenas locais, uma série de programações educativas, artísticas, vivências, rodas de conversas, performances e encontros multiétnicos. O projeto Retomadas ocorrerá entre maio e agosto de 2024, e conta com a participação de diversas etnias indígenas e quilombos, distribuídos terras afropindorâmicas afora.

Nesta primeira ação, além de ressaltar a riqueza da cultura Guarani, abordaremos a importância do Cinturão Verde Guarani e a experiência desses povos na metrópole.

A atividade é gratuita e acontece no dia 8 de maio, quarta, das 14h às 19h, no Teatro do Sesc Pompeia, e contará com intérprete de Libras. Retirada de ingressos a partir das 13h.

Confira a programação:


14h – Abertura
Xondaro – Os Guardiões Guarani
com Karai Valcenir Tibes

A dança do xondaro é uma manifestação tradicional do povo Guarani Mbya. É uma preparação corporal e espiritual de guerreiros e guerreiras guarani, que treinam movimentos de esquiva para não se deixarem pegar pelo líder da dança, o xondaro ija, que guia a roda propondo os movimentos, saltos, agachamentos, entre outros. A dança do xondaro é sempre realizada com música e faz parte dos rituais diários que os Guarani realizam em suas aldeias.

14h30 – Mesa 1
Programa Aldeias – 10 anos de luta e fortalecimento Guarani na cidade de São Paulo
com Araju Apolinário, Jera Guarani, Jurandir Augusto Martins Djekupe e mediação por Viliane Pinheiro

Em maio de 2024, o Programa Aldeias completa dez anos de existência, consolidando a relação de parceria entre as aldeias Guarani do município de São Paulo, o Centro de Trabalho Indigenista e a Secretaria Municipal de Cultura. Ao longo desse tempo, os Guarani sempre estiveram presentes no planejamento e execução das ações do projeto, que apoiou e ainda apoia o fortalecimento cultural e político das comunidades. Por meio do apoio a diversos âmbitos da vida fundamentais para o nhandereko (modo de vida dos Guarani) – como a realização de rituais tradicionais, de oficinas interculturais e de encontros de anciãos, mulheres e jovens guarani; ou a realização de plantios e a construção de sistemas alternativos de captação e tratamento de água e esgotamento sanitário –, o Programa Aldeias tem significado um novo momento de valorização e reconhecimento dos povos indígenas no município ao colocar em primeiro plano a cultura, o protagonismo e a autonomia indígena.

17h30 – Mesa 2
Cinturão Verde Guarani, possibilidades e futuros para os povos indígenas e para a metrópole
com Marcio Bogarim, Tiago Karaí dos Santos, Yara dos Santos e mediação por Lucas Keese dos Santos

Já existe um cinturão verde em São Paulo – graças ao nhandereko, como é chamado o modo de vida dos Guarani. Essa população soma mais de 2300 pessoas na capital e tira as lições de preservação e cuidado da natureza a partir de seus próprios saberes tradicionais, passados de geração em geração.

“A gente não fica só usando a natureza; a gente também é facilitador do desenvolvimento e fortalecimento da permanência da natureza”, explica Jera Pires de Lima, uma das lideranças responsáveis pela retomada do cultivo de “alimentos verdadeiros”, como dizem os Guarani, na TI Tenondé Porã.

Os Guarani possuem uma grande variedade de cultivares, ao todo, são mais de 50 variedades de batata-doce, 16 de milho, 14 de mandioca, 10 de feijão, 11 de abóbora, entre outros, retomados graças a uma série de ações de proteção ambiental e cultural. Essas ações envolvem ainda a recuperação de áreas degradadas com mudas da própria Mata Atlântica, manejo de abelhas nativas, planos de visitação, alternativas de saneamento básico e proteção de nascentes e rios – como o Rio Capivari, o último rio limpo da cidade, na zona sul. Em tempos de crise climática, é fundamental o compromisso da sociedade e do poder público com o fortalecimento de políticas que apoiem as ações de preservação e cuidado da Mata Atlântica feitas há milênios pelos Guarani, verdadeiros guardiões das matas que ainda existem ao redor de São Paulo.

19h30 – Encerramento
Coral guarani (Mboraí)
com Michael Tupã

O coral do povo Guarani Mbya é parte essencial da realização de seus rituais e expressão musical. Acompanhados por instrumentos de corda e percussão, homens, mulheres e crianças guarani cantam os Mboraí – as canções tradicionais dos Guarani. São músicas que falam de suas divindades e de sua espiritualidade, e que trazem alegria, saúde e fortalecimento para a comunidade.


Biografias


Araju Apolinário, atual cacique da aldeia Ytu, foi agente de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) Aldeia Jaraguá Kwarãy Djekupé e agente cultural do Programa Aldeias. Além disso, é palestrante do Sítio do Sol, um local de visitação sobre cultura indígena.

Jerá Guarani, agricultora e liderança Guarani Mbya da Terra Indígena Tenondé Porã, no extremo sul de São Paulo, realiza projetos culturais e documentários. Pedagoga pela Universidade de São Paulo (USP), Jerá foi professora e diretora da Escola Estadual Indígena Gwyra Pepó. Além disso, é uma liderança na luta pela aprovação do Projeto de Lei 181/2016 do Cinturão Verde Guarani, que visa reconhecer e apoiar o papel desempenhado pelas Terras Indígenas Guarani na proteção e recuperação da Mata Atlântica na cidade de São Paulo.

Jurandir Augusto Martins Djekupe, nascido na aldeia Ytu, viveu no Jaraguá durante toda sua vida. Foi professor e tradutor por muitos anos, dedicando-se ao ensino da língua Guarani para os mais jovens. Desde que se mudou para a aldeia Yvy Porã, Jurandir se dedica a realizar práticas de preservação ambiental no território, que misturam saberes tradicionais e modernos, como a criação de fossas ecológicas, plantio de mudas nativas e a bioconstrução, processo pelo qual construiu a casa de sua família na aldeia.

Lucas Keese dos Santos é mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo e pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios. É autor do livro “A Esquiva do Xondaro”, baseado em sua dissertação de mestrado. Com experiência na área de Etnologia Indígena e na produção de vídeos etnográficos, atua com o povo Guarani Mbya desde 2009. Foi coordenador do Programa Aldeias entre 2014 e 2018 e atualmente faz parte da assessoria técnica da organização indígena Comitê Interaldeia.

Marcio Bogarim é cacique da Tekoa Yvy Porã, da TI Jaraguá, e integrante do Conselho Indígena Aty Mirim, que realiza a curadoria das atividades e exposições do Museu das Culturas Indígenas em São Paulo. Especializado em criação de abelhas nativas no território do Jaraguá, contribuiu para a sobrevivência e difusão de diversas espécies que ajudam na preservação florestal.

Tiago Karaí dos Santos, liderança da aldeia Kalipety, é Coordenador do Comitê Interaldeias Litoral Sul e Capital. Representante estadual na Comissão Guarani Yvy Rupa, foi professor da Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepo e coordenador do Programa Aldeias na esfera da Terra Indígena Tenondé Porã.

Viliane Pinheiro é educadora desde 2003, ano em que iniciou sua jornada na educação infantil e fundamental. A partir de 2011, foi introduzida na mediação cultural e patrimonial, expandindo sua atuação para vários rincões do país. Desde 2021, atua como indigenista junto ao povo Guarani, como assessora técnica do Centro de Trabalho Indigenista, operando especialmente no âmbito do Programa Aldeias, projeto financiado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Yara dos Santos é liderança da Tekoa Yy Porã, aldeia de retomada dentro da Terra Indígena Tenondé Porã. Atuou como liderança das aldeias Kalipety e Tenondé Porã e no Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI), escola pública municipal. Além disso, é parteira e agricultora nas aldeias.

Xondaro – Representante – Karai Valcenir Tibes: uma das lideranças da Terra Indígena Tenondé Porã, em São Paulo (SP). É educador e músico, dedicando-se a projetos de fortalecimento de jovens e de valorização dos saberes e práticas de seu povo e território.

Coral – Representante – Michael Tupã: liderança da aldeia Pyau da Terra Indígena Jaraguá. Atualmente é líder do coral Amba Verá, coordenador do POT agricultura guarani mbya Tekoa Pyau e já atuou como educador e agente cultural no Programa Aldeias.


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